sábado, 12 de abril de 2008

Da inteligência



É muito usual o emprego do vocábulo inteligência, em várias situações do quotidiano, por vezes com sentidos díspares. Mas em que consiste a inteligência? Será algo definível? Importa a sua definição? Cremos que sim.
Podemos definir a inteligência como o fazia à 50 anos um pensador português aos microfones da Emissora Nacional, dizia ele, no essencial, que a inteligência era uma faculdade do imaterial, que actuava não para as coisas sensíveis, mas direccionava-se ás ideias (a teoria das ideias de Platão). Dizia, também, que para utilizar a inteligência era necessário lançar mão de dois elementos: a atenção (seguida da reflexão) e a memória. Para captar a nossa atenção era necessário seleccionarmos um assunto do nosso interesse, uma vez que se não nos debruçássemos com interesse sobre um assunto, a nossa inteligência não actuava com eficácia sobre ele. De seguida, tínhamos que reflectir sobre ele, algo que podia ser automático, mas que, não obstante, deveria ser treinado e aperfeiçoado. Essencial a este processo todo era a fase da memorização, isto é, a fase em que actua essa fabulosa faculdade: a memória. Já dizia Pascal “Todas as operações do espírito necessitam da memória”, Dante afirmava peremptoriamente “Não há ciência sem memória”. O mesmo autor (que temos vindo a citar de forma adaptada, ou seja, sem ser letra por letra, mas o essencial da sua mensagem) dava uma fabulosa imagem, dizendo que conhecer sem memorizar não era saber, era o mesmo que a corrente de um rio claro, claro, mas que passa por nós sem parar… Os conhecimentos para se saberem tem que ser memorizados - se quiserem decorados - ou mesmo marrados!
Esta última ideia vai contra o pensamento de muitos, que fazem troça de quem memoriza, estuda a sério portanto, chamando-os marrões, em jeito de calúnia.
Confessamos já que a nossa memória não é pródiga, estudamos (em consciência temos que admitir que é pouco) com esforço e temos consciência que não possuímos metodologia, mas admitimo-lo! Outra ideia que se ouve circular pela sociedade é de que certo individuo é muito inteligente, pena não querer estudar (diferente é os que não podem mesmo), ou não ter tido sorte. Na nossa opinião, quem não estuda (tout court), não é nada inteligente, porque se o fosse estudava (com isto não estamos a dizer que só quem estuda é inteligente!), dizer o contrário é uma forma de valorizar o que não tem valor. Quanto muito podemos dizer que quem não coloca em prática a sua inteligência (demos o exemplo do estudo, porque é o mais usual, mas existem outros), não é inteligente, quanto muito é potencialmente dotado de inteligência.

1 comentário:

M disse...

Se continuares a escrever assim tens um blog potencialmente muito bom!
Keep on the good work!

Ah, lamento discordar, mas na verdade gostava de ser um pouco mais inteligente para obter os mesmo resultados com menos esforço, porque na vida também é importante VIVER, e isso não se encontra nos livros!

*** e um óptimo fim-de-semana!

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