sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Novas Oportunidades leva mulher com 6.º ano à Universidade

Educação
Novas Oportunidades leva mulher com 6.º ano à Universidade
Uma mulher de Tábua que deixou de estudar na adolescência saltou seis anos de escolaridade em pouco mais de um ano, frequentando agora uma licenciatura em Coimbra. É um exemplo polémico do Novas Oportunidades


Luísa Gaio diz que a sua vida «deu uma volta de 180 graus» desde que há dois anos, ao visitar a feira anual de Arganil, soube que poderia obter a equivalência do 9º ano através do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC).

Luísa Monteiro Gaio, de 33 anos, casada e mãe de dois filhos, dirigiu-se de imediato à Escola Secundária de Arganil para se inscrever no RVCC, uma das valências do actual Centro Novas Oportunidades.

Quando concluiu o curso, sem emprego, a formanda produzia algum artesanato, cuidava da habitação e dos filhos do casal, de nove e 12 anos, a que se juntam regularmente mais dois filhos do marido. Nem sequer pensava avançar para a certificação do 12º ano.

«Mas a técnica profissional que acompanhava a Luísa incentivou-a a prosseguir», recorda à agência Lusa Assumpta Coimbra, que era na altura a coordenadora do RVCC. A formanda distinguiu-se num grupo de 40 candidatos à certificação de competências.

«A Luísa acreditou que é possível valorizar os saberes da vida», sublinha Assumpta Coimbra.

Entusiasmada com os êxitos obtidos, candidatou-se ao curso de Turismo, Lazer e Património da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), fazendo os exames '+ 23'.

Entrou com média de 14 valores. Só que havia apenas duas vagas na licenciatura reservadas a ingressos através da antiga prova 'ad-hoc'.

O acesso à Universidade foi inicialmente recusado pela instituição. «Vou fazer o 12º ano!», decidiu.

No entanto, em Outubro de 2007, no dia em que iria inscrever-se de novo no RVCC, recebeu uma carta da FLUC a devolver-lhe a alegria: estava, afinal, assegurado o ingresso na faculdade.

Em pouco mais de um ano, Luísa Gaio saltou do 6º ano (antigo 2º ano do Ciclo Preparatório) para o ensino superior.

Fez, com 14 valores de média final, as 12 cadeiras do primeiro ano de Turismo, Lazer e Património, chegando a obter classificações de 19 valores.

Já no 2º ano, a universitária percorre diariamente 130 quilómetros de automóvel, entre Avelar, concelho de Tábua, e Coimbra. Levanta-se às 6h, para cuidar dos filhos que vão para a escola, e chega à Alta coimbrã antes das 8h, para garantir estacionamento próximo da Universidade.

Luísa Gaio não quer falhar uma aula. «Sem apoio do meu marido, não conseguia», refere.

Quase acabaram os passeios que fazia com a família aos fins-de-semana: «Tenho que estudar, fazer investigação e tratar da casa».

No final da licenciatura, pretende concretizar um projecto turístico em conjunto com uma irmã. Também a seduz a investigação académica nesta área.

Lusa / SOL

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